Mais que ver essa ou aquela banda, nada se compara a conseguir sentir as emoções mais estranhas no meio de uma galera que você nunca viu na vida, mas que de alguma forma compartilha do seus gostos e prazeres em uma noite. Esse ano, confesso até meio decepcionada que vi menos bandas brasucas, mas em compensação me joguei no mainstream e sim, fui muito feliz.
Vi indies, emos, eletrônicos, headbangers, punks e até sertanejos (sim, acredite) em uma atmosfera muito variada que me fez rever vários conceitos sobre música em si, fãs, indústria e showbiz. Não sou eclética (aliás, detesto esse termo), mas aprendi que distanciamento crítico é a chave para qualquer boa ideia e análise. E que pré-conceitos musicais só te limitam a referências do que você pode vir a ouvir amanhã.
Vi de Charlie Brown a Evanescence, de Móveis Colonias de Acaju a CJ Ramone, de Cachorro Grande a Etienne de Crecy, participei da produção de um documentário de um festival independente (Grito Rock 09) e vivenciei sensações diferentes em cada uma das apresentações desse ano, bem agitado por sinal. É claro que gostei mais de uns do que de outros (alguns não gostei nada), mas acho que foi tudo muito válido. Por isso entrei nas listas de fim de ano com uma despretensiosa colaboração: o meu best-of-gigs. Para ler a resenha, é só clicar no título do show. Enjoy. ;)
Aaah, porque não né?! Nem só de coletes e cortes de cabelo modernete vive a música. Foi legal fugir do lugar comum e encontrar fãs famintos na primeira apresentação dos caras no Brasil. Não sei se é um show que iria de novo, mas cantar 'I wanna Rock!" foi bem engraçado.
O Oasis só ganhou o nono por causa de um resto de consideração que tive por minha adolescência. Além da chuva e dos preços que pareciam um assalto, a banda fez um show morno, mas cheio de hits que seguraram bem a galera. Foi maravilhoso para quem estava de frente para o palco e mediano para todo o resto da plateia. Senti um pouco de relaxo dos caras na apresentação, apesar dos sons muito bem tocados.
Como já disse, esse ano foi o que tive menos tempo para acompanhar o que estava rolando na cena underground. Ainda assim vi poucos, mas bons shows de bandas brasucas e conheci gente nova fazendo coisas muito legais também. Mas só o Black Drawing Chalks me redespertou aquela vontade louca de tirar a roupa quando dou play na música. E o show que rolou no Inferno com o Chuck, ex-Forgotten, só provou que ainda existe futuro pro raw rock and roll brasileiro.
Li no Scream and Yell que o Brandon Flowers é o Bon Jovi do indie, e concordo plenamente. O som estava perfeito e o palco era uma bela reprodução de um cassino, constraste perfeito com a lama que tomou a chacára do Jockey e as barras das calças dos fãs. Foi bonitinho, romântico e apaixonante. E sim, consegui resgatar meu tênis. o/
Achei que podia passar na vida sem ver um show do Iggy Pop. Mas depois de ver o grau de insanidade que ainda existe neste corpo percebi que não dava para ficar sem. O show não foi nada além do que eu já esperava, mas só por causar encrenca com os seguranças mandando a galera subir no palco e por conseguir sair da suavidade do jazz para a agressividade do Stooges em uma virada de música, ele merece o sexto lugar.
O único show em que a chuva deu o tom certo na apresentação. Intenso e ao mesmo tempo suave, o Sonic Youth transpirou seu existencialismo musical e colaborou para que o Planeta Terra fosse o melhor festival do ano. Além disso, ver uma mulher cinquentona se jogando no chão do palco é realmente inspirador. Quando crescer quero ter 1/3 do charme e do poder da Kim Gordon.
Esse foi o show que abriu os clássicos do mainstream do ano. Quase uma década longe das terras tupiniquins, os maiores marketeiros do rock me fizeram escrever a única resenha do show de cima de uma árvore. A diversão ainda me deu direito a ganhar uma pintura de uma fã e comprar uma calcinha tematizada enquanto ouvia "Rock And Roll All Night". Descobri que tenho mais equilíbrio do que imaginava e que às vezes ser poser pode ser muito divertido.
Uma coisa é ouvir, outra é ver né gente?! Dá para imaginar uma banda que com mais de 30 anos de carreira ainda consegue ser visionária e fazer músicas antigas parecerem algo do futuro? Depois de ver a apresentação dos caras cheguei a duas conclusões: 1 - meus horizontes musicais foram rasgados, junto com algum resto de senso comum. 2 - Eles com certeza atravessaram uma fenda no tempo e já sabem o que vai acontecer depois do 2012.
O que alguns desentendidos achavam que iria ser um chororô coletivo, foi o mais belo show do ano. Um universo paralelo com direito a show de luzes no palco e entrega total de Thom Yorke nos instrumentos. Uma dose de ácido para os sentidos em meio a uma catarse coletiva.
Ainda existe alguma dúvida? Os maiores clássicos do rock cantados por 70 mil pessoas + uma locomotiva no palco, Brian Johnson, canhões, sino gigante, strip do Angus, boneca inflável, Malcolm, chamas, Angus de novo, fogos de artíficio, Phill & Cliff, e um verdadeiro exército de diabinhos. O inferno de verdade não deve ser tão bom.
-------------------------------------------------------------------------------- Não entraram no Top 10, mas valeram a experiência.
- Grito Rock 09 @ Kitsch Club + várias casas - Cachorro Grande / Móveis / Cordel / Autoramas @ Sesc Pompéia - CJ Ramone @ Outs - Bourbon Street Festival 09 @ Ibira - Cérebro Eletrônico @ Outs - Boris Brejcha @ Clash - Yuksek @ Glória - Etienne de Crecy @ Planeta Terra - U2 @ Youtube +++ - Easy Star All Stars @ Clash
Eu sinceramente não sei como começar essa resenha, talvez seja o estado de êxtase contínuo que ainda corre pelo meu corpo. O AC/DC já vendeu 2 milhões de ingressos pelo mundo, são 2 milhões de fãs que viram o mesmo palco, (quase) o mesmo setlist e a mesma estrutura que a gente vê em qualquer bom vídeo do YouTube. Mas estar em um estádio com 70 mil pessoas (duas vezes a cidade de Taquarituba) cantando as músicas que você cresceu ouvindo, cantou milhares de vezes e até decorou as horas dos solos pro air guitar, é uma sensação difícil de descrever.
Animação de introdução do show
Depois de 13 longos anos sem voltar ao Brasil, a banda de Angus, Malcolm, Brian, Cliff e Phil voltou ao país para um espetáculo visual e auditivo, no mínimo, memorável. Quando cheguei no portão 6 da arquibancada azul do Morumbi, achei que tinha muita gente do lado de fora, mas a verdade é que só tive ideia do que estava por vir quando "Rock and Roll Train" começou a tocar, fazendo quem ainda não tinha entrado (como eu) sair correndo como se não houvesse amanhã.
"Rock And Roll Train"
Quando cheguei lá e vi a quantidade de gente e a puta estrutura do show, tive um primeiro orgasmo. Só de pensar que consegui o ingresso na tarde de sexta (Trajano saves my life) e sai de casa totalmente despreparada e sem ter a menor ideia do que ia acontecer, fiquei muito feliz por estar ali.
Para onde olhava, tudo surpreendia e o fato de não estar chovendo só deixou as imagens mais nítidas e inacreditáveis. Seja os dois bonés enormes com chifres e um A na frente sobre o palco, seja nas milhares de luzinhas vermelhas das tiaras de diabinho, até a locomotiva gigantesca encaixada no meio do palco, tudo fazia parte de uma produção megalomaníaca. E, claro, além de tudo você podia ver a poucos metros as estripulias da banda que soava assustadoramente igual aos álbuns.
Foram duas horas ininterruptas de rock and roll no seu sentido mais cru, verdadeiro e intenso. Teve "The Jack" com imagens das meninas presentes em um telão enorme com direito a Angus fazendo um strip, que foi finalizado com o guitarrista mostrando a cueca que tinha um AC/DC na bunda. Em "War Machine" rolaram umas animaçõezinhas e canto em coro, assim como "You Shook Me All Night Long" que teve até uma fã levantando a blusa, e foi uma das músicas em que eu não sabia se ria, chorava, pulava, gritava, cantava e que deu um arrepiozinho que subiu a espinha.
Quando um sino imenso desceu do palco, já dava para desconfiar de "Hell´s Bell´s" e o vocalista Brian Johnson saiu correndo do meio da passarela, pulou na corda do sino que fez ecoar a introdução da música levando a galera ao delírio. Quando Johson anunciou a próxima dizendo que “essa música fala sobre uma garota” eu já gritava enlouquecidamente por “Whole Lotta Rosie”, com a reprodução da groupie em forma de uma boneca inflável gigantesca.
"Hells Bells"
Teve ainda a clássica " Dirty Deeds Done Dirt Cheap " e "TNT" foi tocada em meio a labaredas de fogo que saiam estrategicamente no meio do refrão. Angus e Brian são as estrelas do show, mas quando Malcolm de cabelos grisalhos e Cliff Willians caminham sincronizadamente até o microfone para fazer os backing vocals, a sensação é de companheirismo e divisão de holofotes.
"Let There be rock" foi uma performance absurda de Angus que no auge de seus 54 anos corria pelo palco como um menino hiperativo, passou o corredor inteiro até chegar a um palco no meio do público onde ele subiu uma plataforma uns dois metros no ar, fez chover papel picado, voltou correndo (e tocando), tocou de joelhos, deitado, em cima da parede de amplificadores e terminou a música alternando riffs com palmas da plateia, uma disposição inacreditável que por vezes parece sobre-humana.
“For Those About to Rock” com explosões de canhão foi algo hollywoodiano, já que você fica tão entretido que não percebe de jeito nenhum os efeitos entrando e saindo do palco. No primeiro bis, “Highway to Hell”, teve Angus subindo de baixo do palco em meio a luzes vermelhas, em uma performance digna de um bom espetáculo.
O show acaba nesse clima de “cadê Jailbreak” de “volta”, “quero mais”. Enquanto uma chuva de fogos clareia o céu do Morumbi, a banda sai discretamente em uma van preta por trás do estádio. A vontade que dá é segui-los por todo o resto da turnê.
"You Shook Me All Night Long"
Sai de lá sentindo que o Angus suou todos os 180 reais do ingresso em um pós show que me fez lembrar daquela sensação deliciosa não só de ouvir música, mas sentir ela possuindo seu corpo e saindo por todos os poros. O rock ainda está longe de acabar.
"Back In Black"
Setlist
“Rock n’ Roll Train” - “Hell Ain’t a Bad Place to Be” - “Back in Black” - “The Jack” - “Dirty Deeds Done Dirt Cheap” - “Shot Down in Flames” - “Thunderstruck” - “Black Ice” - “The Jack” - “Hells Bells” - “Shoot to Thrill” - “War Machine” - “Dog Eat Dog” - “You Shook Me All Night Long” - “T.N.T.” - “Whole Lotta Rosie” “Let There Be Rock”. BIS “Highway to Hell” - “For Those About to Rock (We Salute You)”
A verdade verdadeira é que a banda deve ter passado bem longe da lama, mas a chuva que durou a noite inteira na Chácara do Jockey fez as 12 mil pessoas que passaram pelo show sentir os dois pés (literalmente) em Glastonbury. E como já diz o ditado "saiu na chuva é pra se molhar", por isso desencanei de me preocupar com o aguaceiro e achei o show muito bom mesmo com os 5kgs de barro que trouxe de brinde para casa. Quem não queria enfrentar o temporal que não arriscasse passar por lá.
Como qualquer garoinha em São Paulo para o trânsito, chegar até a Chácara do Jockey se tornou uma tarefa inquietante e ainda na dúvida se alguma banda ia abrir o show, ou se ia começar as 20hs mesmo, desci um pouco antes do ponto e sai correndo na chuva. Foi o tempo de chegar e ouvir a gritaria da galera recebendo a banda que tocava os primeiros acordes de "Human" single do último álbum Day and Age. Decorado com várias palmeiras, plantas e flores que davam ares tropicais, o palco tinha um K torto e iluminado e luzes ora roxas, ora laranjas que junto com os amplificadores também cheios de luzes e um telão bem planejado finalizavam a aparência de um cassino/disco para o palco. Nada mais apropriado para uma banda de Las Vegas.
O vocalista Brandon Flowers arriscou várias frases em português e apresentou a banda dizendo que nessa noite, eles seriam do público. O hit "Somebody Told Me" acabou de receber o pessoal que ainda estava no trânsito e a pista premium fervia. Ainda veio "Bones" com clipe animado por Tim Burton ao fundo e a cover de Joy Division "Shadowplay" que fez com que o baixo de Mark Stoermer ecoasse forte e com muita pegada, ACHO que as imagens do fundo eram do filme-biografia do Ian Curtis "Control".
Brandon é um Don Juan no palco, charmoso, seguro e conquistador arrancou gritos histéricos da mulherada como um bom frontman, mas a interação com a banda praticamente não rola. Então veio "Smile Like You Meaning It" que parecia que não ia engatar, mesmo com o violinista no palco quando o vocalista entrou com o órgão que acabou virando o ponto alto da música. Depois de "Bling (Confession of a King)" Brandon senta ao piano e toca um trecho de "Human" (sim, de novo) que termina com duas notinhas erradas.
Brandon anuncia "Are You Prepare?" e "Spaceman" é tocada com coro da galera. E uma palhinha de "Can´t help falling in love with you" do Elvis misturada com a garoa fina deu um clima romântico para os casais em meio as poças de lama. "These Things That I've Done" entra em seu ponto máximo com uma explosão de papéis picados no público e o show é "finalizado". Já tinha gente indo embora quando a banda voltou para o bis de "Jenny Was A Friend Of Mine" e o show acaba em alta com "When You Were Young".
Pedacinho de "Read my mind"
Todo mundo voltou molhado, com lama até nas canelas, mas o show no geral foi muito bom e o som estava perfeito. Se alguém quiser um tênis pra lavar, tô doando.
Como o show só teve fotógrafo oficial (as imagens aí em cima são de divulgação da banda), essa imagem da lama é do Gustavo Jreige.
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