terça-feira, 27 de outubro de 2009

U2 no YouTube e a forma como consumimos música

Primeiro, não importa se você gosta ou não da banda, o que o U2 fez ontem foi um divisor de águas na história da música e todo mundo já deve ter ouvido isso por aí, PONTO. Com imagem e áudio perfeito, sem escorregar nem mesmo na execução gravada e ainda com multicâmeras, bastidores e galera cantando junto em real time, esse show mostrou pra muita banda que fica de mimimi por causa de 30, 40 segundos de música que quem sabe faz ao vivo [e para mais de 1,3 milhões de pessoas].

A Brisa Issa fez uma resenha ao vivo muito legal do que rolou durante o show no blog dela e a única coisa que discordo é que não foi um pequeno passo para o homem. Foi um gigantesco passo, já que mesmo bandas da época deles podem virar meros escravos das grandes gravadoras, prova disso são as brigas do Metallica X Fãs e The Cure X Radiohead que são bem esses casos. Se você entrar agora na hashtag criada para o show [#U2webcast] ainda tem gente falando do que rolou ontem e isso com certeza vai gerar buzz por muito tempo.

OK, eu tenho um jeito meio idealista natural de ver as coisas e mais ainda sou fã de boas ideias, talvez seja por isso que acredito que atitudes como essa acabam forçando a indústria fonográfica a fornecer melhores produtos/serviços para nós que não só respiramos, mas consumimos música e enchemos os seus bolsos. Depois de um show desses, uma cena de playback, ou bandas com apresentações medianas não só perdem espaço, como ganham um grande problema: ou aderem às mudanças que estão acontecendo AGORA, ou continuam se desesperando por $1,99 dólares de um download.

Para nós brasileiros, acho que o caso ainda é um pouco mais complicado. Os valores dos ingressos são absurdamente inflacionados em relação a qualquer país do mundo, pagamos (ou não) $300 no AC/DC, $200 no Killers (sendo que em Santiago no Chile custa cerca de $60 reais), $900 no Dylan, $300 no Franz Ferdinand e se você não tem, azar o seu. Exclusão musical também existe. Aí aparece um show desse que além de um palco onde você vê todo o dinheirinho que tirou de alguma dívida para pagar, consegue reunir o melhor do online e do offline para milhões de pessoas por 2hs20 de show. É demais.

A minha conclusão geral é que bandas grandes não são as que vendem mais ou as que estão toda semana no primeiro lugar da Billboard, mas as que pensam coisas grandes. Claro, que muitas têm sua relevância no passado, mesmo o U2 que já tinha feito a Vertigo em 3D e tem quase como filosofia inovar. Mas só as que pensarem em se renovar no agora/futuro não vão cair no esquecimento no terceiro ou quarto álbum.

Enquanto isso, fico esperando ansiosamente para ser supreendida de novo. É claro que o show está disponível para embedar, é só dar play aqui embaixo.



Cobertura printográfica no 25th Avenue.

Setlist

GET ON YOUR BOOTS - MAGNIFICENT - MYSTERIOUS WAYS - BEAUTIFUL DAY - STILL HAVEN’T FOUND
- STUCK IN A MOMENT - ELEVATION - IN A LITTLE WHILE - UNTIL THE END OF THE WORLD - VERTIGO - I’LL GO CRAZY IF I DON’T GET CRAZY TONIGHT - SUNDAY BLOODY SUNDAY - WALK ON - ONE - WHERE THE STREETS HAVE NO NAME - ULTRAVIOLET - WITH OR WITHOUT YOU

2 comentários:

r.l disse...

Entre todos os post que escreveu este é um dos melhores e concordo contigo sobre a exclusão musical em diversos pontos: um deles seriam os valores altos nas vendas de ingressos, é um absurdo para poucos que não tem condição de pagar $300 no show a não ser vendendo a alma, a mãe ou assaltar um banco, se muitos fãs tivessem uma atitude de se opor a não ver nenhum show, a se recusar a pagar um absurdo de preço e passar a reivindicar seus direitos como fã e consumidor, talvez os empresários e as gravadoras que organizam esses eventos repensariam no caso como também nas vendas de CDs, talvez seja uma idéia idealista demais, mas não custa tentar. E a atitude do U2 não há o que dizer, os caras são bons e espero que mude algo na indústria fonográfica e posso melhorar muito de seus serviços.

Bri disse...

gente, seus textos são muito fodas! amey!