terça-feira, 12 de maio de 2009

Oasis em São Paulo...

- Meeeu, cadê sua máquina?
- Xiii, grava na cabeça que é melhor!

Foi assim que cheguei ao show do Oasis na Arena Skol Anhembi. Sem câmera fotográfica, o celular quase sem bateria e nenhum bendito dos meus cadernos de anotação. Jornalisticamente FAIL! Mas, resolvi seguir o conselho de uma amiga e tentar fazer as notas mentais mesmo.

Cheguei por volta das 19hs e o tempo estava com uma cara ruinzinha, mas não dava indícios de chuva. Andei um tempo sem ver ninguém na rua e cheguei até a duvidar se estava indo ao show no dia certo, já que no dia do Kiss tinha gente saindo de todos os bueiros e buracos que aparecessem na cidade.

Depois de ficar uns quinze minutos esperando o pessoal que estava com meia e sem carteirinha quebrar o pau com os seguranças, consegui entrar. Aí é aquela beleza, né?! Clima de show é impagável, uma super galera passeando, tomando umas brejas, guardando seu lugar...No entanto, contrariando minha péssima intuição climática, só deu tempo de comprar alguma coisa para comer e voltar. Logo os pingos tímidos viraram uma puta chuva que me custou R$10 pilas numa capa plástica bem vagabundinha. DEZ reais.

Mas, enfim. A Cachorro Grande abriu o show ás 20hs com “Lunático” com um pique super animado. Tocaram “Roda Gigante”, “Dia Perfeito”, “Que Loucura” e dá-lhe chuva. Às vezes o céu ficava iluminado com vários raios e quando a iluminação do palco mudava, ficava muito difícil enxergar a banda, mesmo assim os caras continuaram tocando animadíssimos até que...O som que já estava estranhamente baixo ficou simplesmente inaudível! O pessoal vaiou, gritou “Cadê o som?”, mas nada. O vocalista Beto Bruno e a banda seguraram a música até o fim e pediram desculpas pelo problema que algum tempo depois foi mais ou menos resolvido.

Nos dois telões, sem muitos closes para o palco. Parecia que estavam testando os equipamentos com a banda ao vivo, muito chato. Mas, o setlist seguiu com as ótimas “Você não sabe o que perdeu” e “Sexperienced”. Os caras incentivaram o público a gritar pelo Oasis e fecharam com um cover muito bom de “Helter Skelter” dos Beatles, escolha mais que perfeita. Enquanto o público esperava pela banda da noite, ficou rolando uns britpop’s como The Verve e Stone Roses.

A chuva deu uma cessada quando já estava todo mundo ensopado e Oasis subiu ao palco com a tão famosa pontualidade britânica. Fizeram a abertura com os ruídos de “Fuckin´ In The Bushes” e logo veio “Rock and Roll Star” que trouxe uma histeria geral. Vieram ainda “Lyla” e as mais antigas “The Shock of Lightning” e “Cigarrets and Alcohol”. Nessa altura do campeonato eu estava desesperada já que com certeza não ia dar para confiar na minha memória. Foi aí que cheguei no pico do meu TOC por anotação e comecei a anotar tudo no braço com uma caneta que achei perdida na bolsa.

O próximo ponto alto da noite veio com “The Masterplan” e “Morning Glory”, Noel foi simpático arranhou umas frases com a platéia, enquanto Liam na sua performance "super receptiva" com a mão nos bolsos do sobretudo, às vezes dava umas fugidas do palco e brincava com aquela espécie de pandeiro meia lua, enquanto Noel assumia os vocais de algumas músicas.

O que eu achei que fosse um problema só do show de abertura continuou. Não sei se já ouvi tanto som alto que não tenho mais tímpanos, mas os riffs bem trabalhados das músicas e os efeitos pedalísticos clássicos das guitarras gallagherianas eram impossíveis de ouvir, o som continuava muito baixo. Liam pegou o violão e anunciou “Wonderwall” que todo mundo cantou a letra inteira junto e depois veio “Supersonic”, uma das minhas preferidas.

O bis não foi aclamado, gritado e implorado pelos fãs e a saída e volta do palco não foi nada surpreendente. Mas, “Don’t Look Back In Anger”, “Falling Down” do recém lançado Dig Out your Soul e “Champagne Supernova” fizeram a alegria geral.

Mas, espera aí! PARA TUDO! Fechar o show com “I Am The Walrus” foi a minha gota d’água de frustração. Além dos telões que insistiam em exibir a banda de longe, ter a pachorra de sair de São Paulo sem tocar “Live Forever” e “All Around the World” foi no mínimo muito triste.

Fui embora com o braço anotado de todos os lados e refletindo sobre o show business. É claro que não existe comparação entre o som das bandas, mas fiquei pensando no capricho com a estrutura e composição do show mesmo e acabei lembrando como o Just a Fest foi fantástico! O cuidado com cada detalhe técnico que deixou o show perfeito acabou faltando para uma das bandas consideradas mais exigentes do planeta. E isso de alguma forma deixou o show morno, sem vida, sem surpresas...Não vi as outras apresentações deles no Brasil, mas se dependesse desse não daria mais nem meia entrada no ingresso.

Cheguei em casa ensopada com dor de cabeça, fui dar uma olhada se estava com febre até que me veio o seguinte diagnóstico: será que estou com síndrome de Radiohead? Será que nunca mais vou achar um show tão perfeito quanto aquele? Será que vou virar uma velha chata falando para os meus netos que "quando eu era jovem fui em um show na Chacará Jockey..."? Espero que não...


Set List:
Fuckin' In The Bushes
Rock 'n' Roll Star
Lyla
The Shock Of The Lightning
Cigarettes & Alcohol
The Meaning Of Soul
To Be Where There's Life
Waiting For The Rapture
The Masterplan
Songbird
Slide Away
Morning Glory
Ain't Got Nothin'
The Importance Of Being Idle
I'm Outta Time
Wonderwall
Supersonic

Bis
Don't Look Back In Anger
Falling Down
Champagne Supernova




Foto e vídeo: UOL

2 comentários:

raulramone disse...

o show do radiohead realmente foi perfeito. nao podemos comparar outros shows com aquele, senao, todos serao "mornos" e "sem vida". a musica continua =D

Estefani Medeiros disse...

haha, boa Raul! Vamos ver o que vem por aí, né?!