segunda-feira, 16 de março de 2009

Entrevista com a banda Mixtape

Conversei com a Priscila, vocalista e guitarra do Mixtape para conhecer um pouco mais sobre a banda e saber o que as garotas pensam. Elas já estão batalhando há um ano na cena curitibana e além de dar uma força para os profissionais locais, estão com o álbum "O Tormento do Tempo" saindo do forno, com direito a festança de lançamento marcada para o dia 14 de junho! Na entrevista ela falou sobre como a banda vem trabalhando, contou um pouco das correrias do dia-a-dia e ainda deu seus pitacos sobre visual, rock and roll e preconceito.

A banda tem só um ano. Antes disso vocês tocavam em algum lugar? Como surgiu o interesse de cada uma? Quando começaram a vida no rock and roll? Enfim, como surgiu o Mixtape?

Conheci a Helen e a Rê em 2003. As duas já se conheciam. A Rê já tinha tocado bateria quando era mais nova, mas tinha abandonado a música por causa do trabalho. Eu tocava violão e piano e quando a Helen me apresentou à Rê comentou que ela era baterista. Aí falei pra Helen que ela podia tocar baixo e a gente podia brincar nos fins de semana. Foi o que aconteceu, tocávamos todos os fins de semana na varanda da casa da vó da Helen, mas não compúnhamos nada. Só fazíamos alguns covers, levávamos a banda como uma brincadeira mesmo, nem tínhamos a intenção de tocar pro público. Depois de um ano paramos com a brincadeira porque estávamos todas em um ritmo meio alucinado de trabalho. A coisa morreu e voltamos a tocar só no início do ano passado, quando mais uma vez por brincadeira comprei um gravador digital e escrevi umas músicas. Mostrei pra elas, piramos com arranjos e disponibilizamos as músicas na internet pra ver no que dava. Pra nossa surpresa a aceitação foi excelente e em 1 semana nosso myspace já tinha mais de 2.000 plays e nossa comunidade no Orkut, em um mês, tinha quase 2.000 membros. Então resolvemos levar a brincadeira à sério.

Quais as suas principais influências? Seus ídolos e também bandas que detestam.


Cada uma têm influências diversificadas, mas em comum gostamos de bandas e cantores(as) como Pink, Pato Fu, The Killers, The Cranberries, No Doubt entre outros. Bandas que detestamos? Tem muita banda que não agrada a gente em matéria de som, mas mesmo assim não detestamos ou deixamos de respeitar, afinal sabemos que qualquer banda que chegou aos nossos ouvidos, chegou com mérito e esforço daquela banda.

Quais são as principais dificuldades que uma banda de mulheres ainda enfrenta? Rola algum tipo de preconceito?

Olha, até agora não sofremos com preconceito. Já ouvimos um ou dois comentários que tinham um quê de machismo, mas enfrentamos como qualquer outra crítica. Claro que quando se tem uma banda de mulher existe uma expectativa maior do público, pois inconscientemente ainda existe preconceito por ser algo relativamente novo pro rock. Mas pra gente tudo tem corrido bem até aqui! Haha.

Viver de música está cada dia mais difícil, hoje em dia o que vocês consideram ser uma banda bem sucedida?

Uma banda bem sucedida pra gente, é ser uma banda que conquistou seu espaço no mercado e tem fãs que consumam produtos/shows da banda suficiente para sustentá-la.

Como é o underground curitibano? No que vocês contribuem com ele? Vocês costumam organizar festivais com outras bandas para incentivar a cena ou ficam mais nos bastidores?


O público curitibano é excelente. Tem bastante banda que reclama do público que não apóia a cena local, mas nesse pouco tempo de estrada notamos que o público reflete o esforço de cada banda em buscá-lo. A gente valoriza muito a cena local e procuramos divulgar nossa música o máximo possível na cidade, afinal vivemos aqui e é aqui que podemos fazer com que as coisas aconteçam antes de mais nada. Com o auxílio de parceiros, já organizamos um festival de bandas femininas aqui em Curitiba, mas nosso maior apoio à cena está relacionado à equipe com a qual trabalhamos. Nossa divulgação tem ainda o maior foco em Curitiba, nosso CD está sendo gravado e produzido em Curitiba, por profissionais curitibanos, nosso videoclipe também. Estamos preparando um super lançamento aqui pra Curitiba. Enfim, são coisas que parecem não ser significantes mas acabam sendo, já que hoje grande parte das bandas daqui procuram profissionais em São Paulo e Rio de Janeiro para realizar seus trabalhos.

Vocês acham que o visual contribui na hora de vender a banda? No fim das contas o que importa mais a imagem ou o som?

O visual ajuda sim. É como colocar dois produtos em uma prateleira: um com uma embalagem que chame atenção do público, e outro que seja simplesmente um produto que serve para a finalidade descrita. As pessoas são visuais, elas vão querer a que tem uma embalagem legal. Mas também não são burras, então vão avaliar o conteúdo. Se comprarem um produto cuja embalagem é legal e o conteúdo não condizer com ela, nunca mais irão consumi-lo. Desta forma, vemos que a embalagem é tão importante quanto o som e vice e versa.

Vocês fazem músicas que falam sobre amor e temas do cotidiano e tem muita gente que acha que mais uma banda falando sobre isso é clichê, o que vocês acham disso? O que vocês acham que o Mixtape tem de diferente?

Respondo com a pergunta: o que não seria clichê em uma época em que já se falou sobre quase tudo? As pessoas escrevem sobre o que elas vivem ou presenciam. Se falássemos sobre política ou meio ambiente, existiriam críticas da mesma forma. As primeiras cinco músicas do cd falam sobre amor, mas procuramos diversificar nas outras 5 músicas, falando sobre dilemas que afligem a vida das pessoas, como o preconceito, a falta de tempo, a forma que as pessoas levam suas vidas, entre outras questões.

Ainda estamos construindo nosso diferencial. Temos muitas idéias e algumas delas só serão reveladas com o lançamento do cd. A princípio, ter uma banda somente de meninas é um diferencial, pois apesar de existirem muitas bandas, ainda é um cenário em ascensão. O fato de nosso som ser mais pop do que o som da maior parte das bandas femininas também é um diferencial, e nas próximas músicas do CD dá pra perceber um amadurecimento no sentido de identidade da banda também, mas preferimos não colocar rótulos a isso, pra manter o suspense e pra que as pessoas possam fazer isso pela gente, afinal somos o que as pessoas acreditam que somos.

Como é o dia-a-dia da banda? As correrias para lançar EP, vídeo, vocês contam com ajuda de alguém ou fazem tudo na raça mesmo?

Fazemos tudo o que dá pra fazer por nós mesmas. A Helen é fotógrafa e tem um talento excepcional pra edições no photoshop, então nosso material gráfico e fotos promocionais são feitos por ela em 90% das vezes. Toda a parte de criação gráfica acaba caindo sobre ela.

Eu cuido um pouco de tudo. Faço divulgação na internet, atualizo todo o material online da banda, componho as idéias iniciais das músicas, sou responsável pelo agendamento de ensaios e reuniões da banda, entre outras coisas.

A Rê fica com os contatos. É ela quem negocia preços, quem lidera equipe de trabalhos terceirizados, quem põe ordem no financeiro.

Pra trabalhos específicos contamos com ajuda de terceiros. Por exemplo, pra gravação do nosso CD, temos uma parceria com o W. Bala; pra gravação do videoclipe, foram unidas duas equipes de produção e captação respectivamente, o Rasputines e a Destilaria, e por aí vai.

Quais são as mulheres que vocês mais admiram dentro (e pode ser fora) do mundo da música?

A Gwen Stefani e a Pink são ótimas! São grandes influências pra nós três. Também admiramos a Madonna, como uma pessoa que soube fazer sucesso e mantê-lo, que constantemente se renova e conquista fãs de todas as idades.

Qual a previsão de lançamento do EP? Já tem nome? Como foi a produção? Teve algum produtor?

Estamos preparando o CD completinho mesmo, com 10 ou 11 faixas (ainda estamos decidindo esse detalhe), e será chamado “O Tormento do Tempo”. Está sendo produzido pelo W. Bala, que é um produtor bastante renomado e extremamente cuidadoso com os trabalhos que executa aqui de Curitiba.

Por que vocês amam (ou não) o rock and roll?

Sabe que nunca parei pra pensar nisso? Acho que não existe razão pra isso. Ou talvez exista, mas aí precisaríamos fazer uma auto-análise pra pensar onde isso tudo começou. RS.

Essa entrevista foi feita para o site Mundo Rock de Calcinha, da uma passada lá ;)

2 comentários:

Debora disse...

entrevista perfeita
essas meninas são phoda!

Estefani Medeiros disse...

Obrigada Débora =)