sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Ser ou não ser jornalista?


Refletindo sobre a mídia em geral, sobretudo publicidade e jornalismo, me deparei com uma breve crise profissional, o “ser ou não ser” jornalista. Será que sou mais um mero fantoche da indústria cultural? Será que me rendi ao sistema que sempre abominei? Confesso que por conveniência, coloquei a culpa nos meus colegas publicitários, acusando-os de manipulação de interesses, persuasão e blá, blá, blá. Mas, cheguei à infeliz conclusão de que os mesmos recursos que eles usam, são os que eu uso para fazer com que leias esse texto, caro leitor.

Buscando respostas para minhas inquietas perguntas, cheguei à conclusão de que é inevitável lutar contra toda essa organização. Mas, não quer dizer que não posso evitar contribuir com o meio voraz e alienante em que sustenta seus alicerces. Apesar de conhecer toooodo o discurso apocalíptico e da cultura de massa, ainda acho que as pessoas podem ser verdadeiras, ainda acredito no ser humano, acredito em você. Acredito em mim.

Só precisamos nos lembrar que não somos o que consumimos. Precisamos saber onde termina o tênis de marca e onde começa nossa pele, nosso ser. Precisamos enxergar sem óculos escuros importados. Precisamos levar conhecimento na bagagem, não importa se a mala é da Victor Hugo. Precisamos desligar uma vez o i-pod com as melhores “personals sound tracks of life” e escutar a consciência. E toda a informação ao seu redor pode e deve ser questionada (inclusive essa), não acredite no que vê.

Apesar da necessidade visceral de materializar o que somos por meio de objetos, não precisamos dessa parafernalha toda para mostrar a essência. Sinceramente, imaginar tudo desse modo ainda assusta, me sinto nua de personalidade, às vezes é vergonhoso e meu superego me reprime.

Mas, começar a nos conhecer é apenas o primeiro passo para não ser um títere nas mãos dessa indústria. Só depois de conseguirmos nos reconhecer em meio a tanta informação, no passado, no presente e no futuro, poderemos reverter o quadro e exigir conteúdo de qualidade. Por que não adianta falar do outro, seja ele meio ou mídia se você esta integrado. Finalizando assim, eu não respondo todas as minhas perguntas. Mas, pelo menos reconheço que não sou um fantoche, sei para onde posso ir, sei o que vou encontrar, assim é mais fácil quebrar regras. E não me rendi ao sistema, só quero usar o veneno como antídoto. Ainda prefiro ser. Ufa!


2 comentários:

Thais disse...

Adorei o texto, arrasou! Ninguém precisa ser vendido. Só se vende quem quer!

Bjs!

Anônimo disse...

Sendo sincera, o seu texto é maravilhoso e um forte desabafo, muitos em seu lugar ou no meu lugar sente essas sensação, mas cada um de nós somo subjetivos dentro desse mundo individual para fazermos a diferença e ñ tem quem tire isso de nós. vc será uma grande jornalista, continue assim.

bjs!