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terça-feira, 27 de outubro de 2009

U2 no YouTube e a forma como consumimos música

Primeiro, não importa se você gosta ou não da banda, o que o U2 fez ontem foi um divisor de águas na história da música e todo mundo já deve ter ouvido isso por aí, PONTO. Com imagem e áudio perfeito, sem escorregar nem mesmo na execução gravada e ainda com multicâmeras, bastidores e galera cantando junto em real time, esse show mostrou pra muita banda que fica de mimimi por causa de 30, 40 segundos de música que quem sabe faz ao vivo [e para mais de 1,3 milhões de pessoas].

A Brisa Issa fez uma resenha ao vivo muito legal do que rolou durante o show no blog dela e a única coisa que discordo é que não foi um pequeno passo para o homem. Foi um gigantesco passo, já que mesmo bandas da época deles podem virar meros escravos das grandes gravadoras, prova disso são as brigas do Metallica X Fãs e The Cure X Radiohead que são bem esses casos. Se você entrar agora na hashtag criada para o show [#U2webcast] ainda tem gente falando do que rolou ontem e isso com certeza vai gerar buzz por muito tempo.

OK, eu tenho um jeito meio idealista natural de ver as coisas e mais ainda sou fã de boas ideias, talvez seja por isso que acredito que atitudes como essa acabam forçando a indústria fonográfica a fornecer melhores produtos/serviços para nós que não só respiramos, mas consumimos música e enchemos os seus bolsos. Depois de um show desses, uma cena de playback, ou bandas com apresentações medianas não só perdem espaço, como ganham um grande problema: ou aderem às mudanças que estão acontecendo AGORA, ou continuam se desesperando por $1,99 dólares de um download.

Para nós brasileiros, acho que o caso ainda é um pouco mais complicado. Os valores dos ingressos são absurdamente inflacionados em relação a qualquer país do mundo, pagamos (ou não) $300 no AC/DC, $200 no Killers (sendo que em Santiago no Chile custa cerca de $60 reais), $900 no Dylan, $300 no Franz Ferdinand e se você não tem, azar o seu. Exclusão musical também existe. Aí aparece um show desse que além de um palco onde você vê todo o dinheirinho que tirou de alguma dívida para pagar, consegue reunir o melhor do online e do offline para milhões de pessoas por 2hs20 de show. É demais.

A minha conclusão geral é que bandas grandes não são as que vendem mais ou as que estão toda semana no primeiro lugar da Billboard, mas as que pensam coisas grandes. Claro, que muitas têm sua relevância no passado, mesmo o U2 que já tinha feito a Vertigo em 3D e tem quase como filosofia inovar. Mas só as que pensarem em se renovar no agora/futuro não vão cair no esquecimento no terceiro ou quarto álbum.

Enquanto isso, fico esperando ansiosamente para ser supreendida de novo. É claro que o show está disponível para embedar, é só dar play aqui embaixo.



Cobertura printográfica no 25th Avenue.

Setlist

GET ON YOUR BOOTS - MAGNIFICENT - MYSTERIOUS WAYS - BEAUTIFUL DAY - STILL HAVEN’T FOUND
- STUCK IN A MOMENT - ELEVATION - IN A LITTLE WHILE - UNTIL THE END OF THE WORLD - VERTIGO - I’LL GO CRAZY IF I DON’T GET CRAZY TONIGHT - SUNDAY BLOODY SUNDAY - WALK ON - ONE - WHERE THE STREETS HAVE NO NAME - ULTRAVIOLET - WITH OR WITHOUT YOU

terça-feira, 6 de outubro de 2009

No Inferno com Black Drawing Chalks

Fui na última sexta-feira assistir Black Drawing [estou íntima de tanto ouvir, hehe] no Inferno, como já tinha dito que ia há alguns posts abaixo. Também já disse que eles não demoraram mais que duas músicas pra se tornar minha nova obsessão sonora, por isso juro que não vou ser repetitiva. Cheguei por volta da 01h da manhã na Augusta, compartilhei umas brejas com a Cal [minha fotógrafa chaveirinha] e meu boyfriend e deixamos a sempre boa embriaguez chegar enquanto assistíamos as primeiras bandas.

O show que abriu a noite foi da Experience, que apesar de ter uma baterista com uma puta pegada e um guitarra e baixista muito bons e entrosados deixava a desejar no vocal. O cara tentava convencer a galera no rebolado e nas andadas no palco, mas tudo parecia meio forçado, estranho. Não gostei. Depois foi a vez da Apolonio que tinha uma proposta interessante de guitarras x percussão x acordeon que dava uma mistura bem diferente, até anotei mentalmente alguns sons pra procurar no MySpace. O que acontece é que lá pelo meio da espera já começa a me dar um dos 15 piriris de banheiro por causa das brejas e no segundo ou terceiro deles encontrei o Denis (baixista, carinhosamente chamado de Blanka por uns caras da platéia ) saindo do camarim e aproveitei pra conversar rapidinho, desejar bom show e marcar uma conversa rápida já que eles precisavam pegar um voo às 06hs da matina.

Dizem que quando a esmola é demais o santo desconfia e eu fiquei com medo de me decepcionar com os caras no palco já que os álbuns são por si só muito bons. Mas, fiquei extasiada quando eles lançaram os primeiros acordes de "The Legend", é muita energia. Acho que tinha umas 140, 150 pessoas [correção 382 pessoas!] no Inferno, galera que na maioria estava ali pra vê-los e eles recompensaram com sons como "Precious Stone" e "Find Another Road", ainda chamaram o Chuck Hipolitho [que anda se aventurando nas sessions por aí depois da pausa com o Forgotten] e tocaram "My Favorite Way", "My Radio", "Free from Desire", "Burn, baby, Burn" dos conterrâneos do MQN , "Buy Buy Baby" do Forgotten Boys e o pessoal cantarolava as letras e acordes juntos. Show rápido, sem pausas e super pegada. MUITO BOM!

O set list foi este aqui:

The Legend - Precious Stone - Find Another Road - My Favorite Way - Buy Buy Baby (Forgotten Boys cover) - My Radio - Burn Baby Burn (MQN Cover) - Free from Desire.

Na saída ainda precisei driblar um segurança super chato e as tietes ensandecidas que cercavam eles e consegui falar com o Blanka e o batera Douglas, cobrei um setlist maior e eles disseram que planejam voltar pra Sampa depois do Goiânia Noise, em meados de dezembro. O Blanka ainda disse que eles receberam as indicações da MTV em parcelas e que cada uma foi uma ótima surpresa, nem entramos nos méritos de ganhar porque todos conhecemos o que realmente a audiência da emissora gosta. Além disso ainda descobri que eles estão afim de lançar um vinil e o convite do Chuck surgiu porque ele já vinha divulgando algumas coisas da banda.

A resenha demorou um pouquinho mas teve um lado bom, deu tempo deles subirem um vídeozinho petisco da apresentação. É só dar play aí embaixo, para ver mais clique aqui.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Sexta é dia de Inferno!

Fazia um bom tempo que não sentia uma vontade louca de ver uma banda nova do palco, ainda mais se tratando de bandas com uma pegada mais rock and roll mesmo. Até que ouvi o Black Drawing Chalks pela primeira vez, foi paixão a primeira ouvida. Os caras conseguem ser agressivos e ao mesmo tempo envolventes, ter sons bem trabalhados, guitarras estridentes sem enrolar com firulas e falar sobre o cotidiano de todo boêmio com letras e a entonação que o assunto merece. Uma delícia de música com direito a material gráfico super caprichado. A definição da banda é simples e clara "O Black Drawing é uma banda de rock". Ainda bem que existe gente que sabe o que isso realmente significa.

tinha falado da indicação deles no VMB esse ano e o quarteto de Goiânia vai aproveitar para fazer um showzinho a mais no Inferno amanhã (sexta-feira) no projeto Super Demo Digital que ajudou a lançar bandas como Raimundos e Planet Hemp. Além deles, vão rolar as bandas Medulla, Apolônio e Experience. Você paga R$15 na porta ou R$10 com flyer ou na lista@infernoclub.com.br. A casa abre meia noite. See you there! ;)

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Resenha GAS - Guaraná Antarctica Street Festival

Cheguei na Chácara do Jockey por volta das 18hs30 [atrasada, pra variar] e já tinha rolado o show do Vivendo do Ócio, Marauê e Voltz. Mas, ao subir a ruazinha que levava a pista principal já dava pra sentir uma prévia das experiências que estavam disponíveis. A entrada começava com um espaço onde rolavam disputas de vários bboys, um pouco mais acima tinha uma pista de skate/BMX com alguns caras andando e grafiteiros trabalhando em telas em branco.

Foi escurecendo e a ruazinha iluminada com luzes verdes deu uma ressaltada na decoração do lugar. A primeira coisa que vi foi o stand da Microsoft/XBox bombando de gente jogando basquete [sorry, não sei o nome do jogo], Rock Band e Tony Hawk. O espaço era compartilhado com a exposição do documentário "Vida Sobre Rodas" dirigido por Daniel Baccaro com fotos de consagrados skatistas brasileiros em manobras e imagens de infância, dentre eles Sandro Dias, Bob Burnquist, Lincoln Ueda, Cristiano Matheus, Fabiola da Silva [representando as meninas] Otávio Neto e Edgar Vovô. O documentário tem previsão de estreia para o primeiro semestre de 2010.

Um pouco mais para frente tinha uma espécie de feirinha, onde marcas de skate vendiam shapes, camisetas e diversos produtos. Do outro lado estava a Super Bowl, uma rampa em forma de piscina de 27 metros vinda direto de Califórnia lands. Lá os personagens de Vida Sobre Rodas mostraram em manobras individuais e em duplas porque são os melhores do país. Tentei entrar, mas infelizmente não consegui, parei e fiquei assistindo o que rolava dos telões do lado de fora mesmo até que dois caras começaram a correr em volta de mim (??) e de repente um desceu a porrada no outro e eu fiquei ali no meio, quase levei uma de graça também.

Faltou arroz e feijão

No meio de tudo isso estava o palco e no palco era hora da banda Cine. [DEUS! Que desespero.] Com roupas coloridas à la anos 80 eles subiram ao palco super animados e tocaram sons do álbum de estreia Flashback como "Chamada Perdida" e "As Cores". A cada troca de música as fãs de cabelos estrategicamente penteados para a esquerda (assim como o vocalista DH) iam aos berros. A banda arriscou fechar o show com "Blood Brothers" do Papa Roach, os primeiros riffs até me deixaram esperançosa, mas não deu. O vocalista ia de um lado a outro sem fôlego e dando várias firuladas um tanto quanto enganosas, além daquele tecladinho bizarro e fora do tempo no meio das músicas que não me convenceu. Pois é DH, precisa treinar mais um pouquinho.


Não entendi

Trocas de equipamentos e algumas voltas no espaço depois começou o show da Fresno. Divulgando o último trabalho, o álbum Redenção, eles tocaram sons conhecidos como "Uma Música", "Alguém Que Te Faz Sorrir" e as mais antigas "Velha História" e "Quebre as Correntes". Confesso que depois da Cine, eles me pareceram musicalmente bem melhores. Mandaram bem em "Radio Gaga" do Queen [que a meninada deve ter achado que era algum som novo] e para finalizar, Lucas ligou um sintetizador, fez uns ruídos meio desconexos e deixou eles rolando enquanto a banda se despedia da platéia...


Champagne e água benta

Charlie Brown é uma daquelas bandas que você ouve e sabe de todas as letras mesmo que não queira, eles tocam em comercial, programa de TV, rádio e qualquer barraquinha que venda CD. Por causa disso e de muitas outras situações esses sons lembram muito minha adolescência. A banda [de Chorão] estava fazendo a última gravação para o DVD da turnê e eles desceram à porrada tocando os sons com mais pegada de rock de seus álbuns por causa de um defeito na guitarra de Thiago Castanho. Mesmo sem a formação que deu origem a banda, os músicos continuam muito bons e Chorão num misto de comemoração e animação abriu uma champagne e jogou no pessoal falando trezentas vezes que o skate estava em suas veias. A pista tradicionalmente montada no palco, tinha ninguém menos que mineirinho. No setlist estavam a bonitinha "Me encontra" do novo álbum Camisa 10, joga bola até na Chuva, "Rubão", "Zóio de Lula" e algumas das minhas favoritas "Proibida pra Mim", "Hoje eu Acordei Feliz" e "Champagne e Água Benta". A galera pediu "Confisco" mas não rolou. Ao invés disso teve uma session de "Tree Little Birds" e uma cover malandra de "Break On Through" dos Doors.


Atitude, vinho e hardcore

O Face to Face subiu ao palco por volta das 23hs e mostrou porque depois de tantos anos ainda é referência para muita gente. Sem roupas coloridas, sintetizadores forçados ou champagne os caras tocaram um som atrás do outro sem nenhuma dó ou firula com o público. O bem humorado vocalista Trever Keith já entrou falando que como eles não tinham álbum novo iam tocar as velhas mesmo [haha, como se alguém fosse se importar], falou várias vezes que queria voltar ao país já que eles estão ficando velhos e não tocarão por muito tempo e revelou um interesse [piada?] de abrir um show do Iron Maiden. Entre uma taça de vinho e outra passaram por toda a discografia com "Disconnected" que um fã subiu para cantar junto, saiu correndo e pulou do palco, "I Want", "Blind", "A-OK", "I Won't Lie Down" e o show aparentemente tinha acabado. Começou até a rolar um comercial da Antarctica quando os fãs começaram a gritar, eles voltaram, ligaram os cabos sem roadie e mandaram mais uma para a alegria da galera que foi tanta que até invadiu a área VIP sendo retirada [de um jeito muito estúpido, sem necessidade] pelos seguranças.


Para quem quiser saber os ganhadores dos concursos de grafite e skate amador é só entrar no site.

Enquanto isso, a Chácara do Jockey fica guardadinha pro Killers.

1ª foto: Marco Gomes. Mais fotos: Divulgação.


quarta-feira, 15 de julho de 2009

Cachorro Grande fala sobre Cinema, Patti Smith e música

Chegamos ao local combinado com a assessoria da Deck uns dez minutos antes do horário marcado. Um jornalista (do Terra?) saia da sala onde se encontravam o vocalista Beto Bruno e o Guitarrista Marcelo Gross e se despedia dizendo "acho que ficou legal, o Beto é bom de aspas". Bem, nem preciso dizer que isso só reforçou a minha vontade de largar a cartilha jornalística na porta e lançar um foda-se para as aspas. Por isso e como sempre, você vai ler essa entrevista mais como uma conversa curiosa sobre música e "Cinema" o novo álbum da banda, do que um entrevista-resenha do álbum. Se quiser mais, dá uma circulada nos maiores portais de música por aí (YES, you can!) tem uma infinidade de coisas legais sobre o assunto.

O resultado foi esse: Beto e Marcelo falando o que os incomoda no modo como ouvimos/sentimos/curtimos música hoje, as mulheres que merecem uma "homenagem" no rock e a vontade da banda de lançar remix dos seus sons por conta do Peu, da Goma. Espero que goste =)

Sobre "Cinema"

"Cinema" é space rock, é sonoplástico, é Stones, é Beatles, é rock and roll cru, é viagem, é dançante, é Cachorro Grande. Além de transparente quanto ao repertório musical da banda, tem a fórmula animada que sempre está presente nos álbuns dos caras com um plus perceptível de liberdade para criar em cada instrumento. A palavra chave foi experimentação e o capricho para gravar, mixar e encaixar os acordes de cada música fez toda a diferença no resultado final do álbum que levou um tapa do já conhecido produtor Rafael Ramos. Se não ouviu ainda, já está disponível no MySpace oficial. O show de lançamento vai acontecer nos dias 7 e 8 de agosto no SESC Pompéia, encontre mais informações aqui.

ENTREVISTA

Estefani: Além da gravação analógica, de poder mostrar outros lados da banda o que vocês mais curtiram fazer nesse álbum?

Beto: A gente gostou de trabalhar as músicas sem pressa, uma por dia. Gravamos uma parte em Porto Alegre e depois mais três dias no Rio de Janeiro. Conseguimos dar um tratamento especial para cada música e isso foi o que a gente mais curtiu. Isso ressaltou e fez com que cada uma soasse de uma maneira diferente dos outros discos e remetendo a outras sonoridades. Tipo o álbum branco dos Beatles (pelo o amor de Deus, não vá entender mal), mas cada música é uma música. Aquele disco do Led Zeppelin “Houses Of The Holy” ou no “Jardim Elétrico” dos Mutantes, cada música é uma música. E eu curto muito isso. Não é dar tiro para todo lado, é gostar de muitas coisas. E o legal é que no fim tudo acabou soando Cachorro Grande.

Estefani: Quanto a essa temática cinematográfica, o lance do efeito das gaivotas, o barulho do disco arranhando entre outras coisas. Vocês já haviam planejado? Já tinham essas idéias, ou rolou a inspiração na hora?

Beto: Essa parte das gaivotas era para lembrar o "Amarcord" do Fellini. A gente já tinha pensado nisso nas primeiras demos, numa fita caseira. O resto da sonoplastia, um ventinho aqui, um barulhinho ali a gente foi fazendo e achou que tinha cara de cinema, o Marcelo queria que o álbum tivesse esse nome desde o começo e nos últimos dias de ensaio ele estava meio (fazendo sinal de bebida) no estúdio e disse “vai ser Cinema” e foi Cinema. Pronto. Todo mundo amou a ideia, daí pedimos pro Cisco Vasques fazer a imagem da capa e fechamos.

Estefani: Vocês lançaram o álbum primeiro no Myspace, qual a relação da banda com a pirataria?

Beto: A gente vem trabalhando com uma boa assessoria que atualiza nossos meios, estamos aprendendo a lidar com o twitter e deixamos o álbum disponível para download. O legal é que a galera conhece a música nova antes do show e antes do CD físico sair, isso nunca tinha acontecido antes. E muita coisa a gente tenta ver com o olhar do fã, acho que acima de tudo nós somos fãs de rock. Se tivesse isso nos anos 80 quando eu era uma criança, a oportunidade de acompanhar o dia-a-dia dos caras e todo esse universo por uma telinha, ia ser uma maravilha. Para conseguir um disco do The Who a gente tinha que se deslocar para a capital para comprar. Se alguém saia do país era “traz aquele do The Who que eu não tenho”. Hoje a minha filha vai numa página e baixa a discografia em cinco segundos.

Marcelo: É, se a gente gosta de encontrar coisas sobre nossos ídolos, também procuramos deixar material disponível para os nossos fãs.

Beto: A única coisa que eu encano é a seguinte: a qualidade com que ouvem o som. Nos preocupamos muito com a parte sonora no estúdio, ouve pelo menos em um fone bom. E outra coisa, ouvir enquanto faz outra coisa. A gente se preocupou em trazer uma caixa daqui de São Paulo para Porto Alegre que faz aquela diferença no som que você não vai perceber nas caixinhas do computador. A geração mais nova não tem mais o costume de parar e ouvir um som. Quando eu comprava um disco no centro, vinha para casa babando ele, curtindo a capa, chegava em casa, ouvia sentado. Ficava só ouvindo, chamava os amigos e fica só ouvindo o som. Hoje não tem isso, as pessoas fazem coletânea e não curtem isso. Quando um fã chega e fala “baixei o álbum e tô ouvindo no computador” é muito triste.

Peu: Acho que quem gosta de música acaba investindo para ter uma qualidade melhor no áudio.

Beto: Talvez a resposta certa é que cada vez menos as pessoas gostem de música.

Estefani: Vocês têm vontade de gravar no vinil? A gravadora de vocês comprou a fábrica agora, não é?!

Beto: O álbum vai sair em vinil, eles (a Deck Disk) compraram A fábrica. Agora vão lançar um tipo de selo e lançar algumas coisas, perto do natal vão rolar uns discos da deck e o nosso vai estar junto. É um sonho meu ter gravado analógico para sair em vinil, vai ser diferente. Tem banda gravando em ProTools [programa de edição] para lançar em vinil e é a mesma coisa de gravar do CD pro Vinil, além disso, também acaba virando um souvenir. Os discos novos vem em 180g, lacrados e com uma qualidade incrível. Essas bandas novas eu compro só em vinil, aproveito a internet assim. Vou lá e vejo: saiu o novo do Kasabian, curto, acho muito legal, vou no E-bay e peço o vinil. Um puta som. Não tem romantismo, a coleção que os Beatles lançaram em 2006/2007 é a melhor compilação dos Beatles que já existiu. As cápsulas de hoje são melhores, isso reflete muito no som, muita coisa hoje em dia melhorou. E lá fora eles nunca pararam de ser lançados.

Estefani: Qual a influência das mulheres no som de vocês? Qual a musa inspiradora da banda?

Beto: São várias. Patti Smith, mas mais a parte do "Radio Ethiopia" do que do "Horse". Os discos da Nico também, ela é minha maior ídola. Mariane Faithfull na década de 69. Quem não gosta da Chrissie Hynde do Pretenders? Naquela época era uma chapação. Quem nunca bateu punheta para ela? Se bem que essa parte não é tão musical. Já não bateria punheta para a Patti Smith, uma mulher que quer ficar parecida com o Keith Richards não dá. (risos)

Estefani: Você falou no blog da banda que é preciso ser verdadeiro e colocar a música no primeiro plano, o que você enxerga nos músicos de hoje?

Beto: Não generalizando, se você cavucar você vai encontrar umas bandas boas. Mas, acho que nessa fase atual, nunca teve tanta banda fake. Quatro caras bonitinhos que se juntam por causa das meninas. Não são quatro carinhas que ouviam música juntos na escola, sonhando que um dia iriam montar uma banda, que foram unidos pela música. Tem gente que a usa só como meio pra ficar famoso, só usa o rock como veículo, querem aparecer no jornal e ficar ricas. Se no meio do caminho ele achar que quer ser modelo, ele vira modelo, se acha que pode ser ator, vai ser ator. Nada ele vai fazer com amor. Por isso, cada vez mais tem bandas com carreiras meteóricas e isso não é bom. É importante saber usar a imagem, os Beatles e os Stones trabalharam isso bem. Quando chegou no New York Dolls já caiu um pouco. O Bowie [David Bowie] tem a fase meio batom, mas também é controlado. É legal um cara te olhar na rua e identificar: aquele ali tem uma banda. É ótimo que seja assim, mas o importante é não deixar o cabelo crescer antes de tocar guitarra.

Peu: Eu queria saber se vocês se interessam por música eletrônica, já ouviram, curtem?

Beto: Gosto muito. A primeira coisa que considero eletrônica é “Tomorrow Never Knows” [faixa do álbum Revolver dos Beatles] que é uma repetição em cima de um looping. O Pink Floyd no Dark Side [Of The Moon] gravado no Abbey Road também. Gosto do Can e do Kraftwerk que foram o início. Mas eu piro mesmo na parte do Bowie eletrônico em Berlim, que considero o auge da música eletrônica puxada pro rock. Muito bom gosto e também porque depois em 98 e 99 contribuiu para que o Prodigy e o Chemical Brothers estourassem, que eu acho genial. Tem coisa boa, mas como qualquer outro gênero tem coisa ruim. Não gosto de DJ’s que compõem musica pra tocar em boates específicas e sim compositores que usam os recursos da música eletrônica. E eu acho do caralho. No disco anterior a esse, tem uma bateria eletrônica a partir de uns samplers nossos. Já nesse, na música “A Voz do Brasil” a gente fez uns loopings eletrônicos, gravou, tirou os graves dela e montou um looping em cima daquilo, acaba sendo uma bateria eletrônica só que tocada, com o samplier por baixo e ele tocando normal por cima. Coisa que o Chemical Brothers faz também e eu sou apaixonado. O último do Prodigy é uma paulada ["Invaders Must Die"]. Gosto do que o Chemical Brothers faz com os singles do Oasis, do Supergrass e do Bowie porque os remixes são lado B. Eles pegam aquela coisa que o Kraftwerk criou nos estúdios de Berlim em 77.

Beto: O Marcelo também gosta. Ele não é uma múmia country. (risos)

Marcelo: Eu gosto também, principalmente de Prodigy e Chemical.

Peu: Daft Punk também?

Beto: Também, mas não comprei o disco e parei para ouvir.

Marcelo: Tem um disco maluco de música eletrônica de um cara que remixou o Álbum Branco com as músicas dos Beatles [The Gray Álbum do Danger Mouse] , é fantástico e compensa ser ouvido.

Peu: Tem várias bandas como U2 e Lenny Kravitz no exterior que estão criando costume de lançar as músicas em remix, vocês fariam algum? Podemos esperar remixes de vocês?

Beto: Claro que sim. Só que a gente não acha um cara para fazer.

Peu: Tem um cara que remixou o Arnaldo Antunes [Killer On The Dancefloor], a pedido do Arnaldo e ficou muito legal.

Beto: Acho que o Edu K também tem embasamento para fazer uma coisa legal, meio anos 80.

Peu: Tem várias músicas que dariam remixes ótimos, por causa das batidas.

Beto: “A Hora do Brasil” e a música que é single “Dance Agora” dariam ótimos remixes. A minha vontade era dar uma música para cada DJ e fazer um álbum de remix. Estilo Danger Mouse, uma coisa pronta pra tocar na balada.

Peu: Eu adoraria tocar uma música de vocês na balada.

Beto: Tá dada a dica.

Estefani: Como rolou o Oasis?

Beto: Se você me perguntar daqui alguns anos vou saber te responder, agora ainda estou meio desnorteado com o que aconteceu. Nosso empresário já sabia, escondeu da gente cinco dias.

Estefani: Eles ficaram pra ver o show?

Beto: Sim, e eu estava mais nervoso com eles ali do lado do que com as 10 mil pessoas a nossa frente, uma hora fui tomar uma água e o Sergio [empresário] estava lá e falou “tu viu quem tá ali?”. Eu nem olhei mas pedi pra ele falar e ele respondeu “Liam Galagher”. Meu ídolo cara, sou fã dele. Dele e de todos os caras bons da nossa geração o Oasis, o Supergrass.

Estefani: Qual o sonho de vocês depois disso?

Beto: Talvez eu corte meu pinto (hahahaha, brincadeira). Ver o Paul, né?!

Marcelo: Depois que já assisti um show do Paul e do Neil Young tenho que me cuidar. Dá pra morrer já.

Peu: Vocês já pensaram em tocar no Coachella, Glastonbury, esses grandes festivais?

Beto: Claro. Mas, a gente não tem tempo. Não somos nem tão grandes como os Titãs que podem viajar e tocar e nem o Garotas Suecas que fazem um show por mês o resto do tempo lá tentando.

Teaserzinho de lançamento de Cinema:

Para o Mundo Rock de Calcinha e também publicada na Goma.
Fotos: Cal Crepaldi, mais imagens da entrevista aqui.

terça-feira, 24 de março de 2009

Just a Fest - A apoteose aconteceu em São Paulo

O show do Radiohead que aconteceu ontem na Chácara do Jockey, em São Paulo, foi mais que uma apresentação, uma explosão sensorial. Tenho certeza que as 30 mil pessoas que estavam lá em algum momento sentiram um daqueles arrepios que sobem a espinha inteira até chegar na nuca.

O dia já amanheceu com um clima melancólico, completamente propício para o que estava por vir. No fim da tarde, a garoinha que começou fina cessou e deu ao lugar a atmosfera nostálgica que faltava, fazendo com que o lugar parecesse praticamente isolado do mundo.

Os Los Hermanos subiram ao palco no finzinho da tarde, às 18hs30. Abriram o show com “Todo Carnaval Tem seu Fim” e seguiram tocando sons como “O Vento” e “Andar”. Foi o show de retorno da banda depois de quase dois anos de recesso, deu tempo do Amarante dar um rolê na gringa, criar o Little Joy e vir tocar no Brasil, a Mallu Magalhães nascer, virar celebrity e o Marcelo Camelo pegar ela. A apresentação foi bela e despretensiosa, com os dois revezando os vocais, o público cantando junto, tudo super animado. Mas, muita gente acabou chegando tarde por causa do trânsito, ou da falta de espaço nos estacionamentos, o que lá pelas 19hs30 melhorou e deu a sensação de que o lugar tinha enchido de uma hora para outra.

SET LIST:
Todo Carnaval tem seu fim
Primeiro andar
O vento
Além do que se vê
Condicional
Morena
Andar
A outra
Cara estranho
Deixa o verão
Assim será
Cher Antoine
O vencedor
Retrato para Iá- Ia
Casa pré-fabricada
Último romance
Sentimental
A flor

Depois de deixar o clima folk e as cores terra de lado, quem sobe ao palco são os veteranos do Kraftwerk que vão performaticamente ao encontro dos quatro notebooks posicionados na horizontal, enquanto todos olhavam curiosos para ver o que iria rolar. Apesar do Radiohead não ser uma banda do mainstream e toda a galera “modernete” estar por lá, pasmei vendo muita gente estranhando a apresentação, o que me levou a refletir se estaríamos preparados para a música eletrônica.

Quando começaram a rolar as primeiras batidas de “Man Machine” e depois de uma falhadinha no som, o telão seguia a música com vários elementos visuais e a expressão geral ainda era meio de “what the hell is going on?”. Eu achei super fodasso, além das mil relações que criei, comparando a estrutura do quarteto com uma banda convencional e de como as letras minimalistas me despertavam uma reação muito mais reflexiva do que o normal. Uma sensação meio doida mesmo, de buscar explicações no subconsciente de um jeito menos auto-explicativo e muito mais icônico.

Os buxixos que pesquei no ar eram de “quem acha que isso é música?”, “eles devem estar no MSN” ou “tem certeza que esses caras são famosos?”. Comentários à parte, sons como “Computer World”, “Les Mannequins” (que virou “Somos Manequins”) e “Radioactivity” soaram assustadoramente atuais. Ainda tocaram “Tour de France”, “The Europe Express”, “Numbers” e “Aerodynamik”.

Uma das coisas que me atraíram foi ver que os caras realmente estavam fazendo aquilo ao vivo, com exceção de “Robots” que apesar de ter toooodo seu contexto específico, me fez sentir enganada pela gravação, eu tentei, mas não teve jeito...O show foi encerrado com com o vocalista Karl Bartos dizendo “Non stop the musique”.

Apesar de mais de 30 anos de carreira, os Kraftwerks com ternos bem alinhados e alguns cabelos grisalhos apontando na cabeça mostraram que mesmo depois de tanto tempo conseguem manter o caráter transgressor de sua música. E ainda que sejam super conhecidos na cena e na Europa muita gente ainda não está preparada para o que eles fazem. O que com certeza não tira o mérito visionário dos seus trabalhos.

SET LIST:
Intro
Man Machine
Planet of visions
Numbers
Computer World
Tour de France
Autobahn
Model
Computer Love
Les Mannequins
Radioactivity
The Europe Express
Robots
Aerodynamik
Musique non stop


Em meio a ruídos eletrônicos e gritos histéricos na platéia, a banda adentra o palco às 22hs em ponto. Dali para frente o tempo passaria tão rápido e intensamente que poucos perceberiam a hora de ir embora. A festança começou com “15 Step” e os tambores que anunciavam “There There” anunciavam também a primeira catarse da noite.

Thom Yorke dominou o espaço com sua performance tímida e ao mesmo tempo espontânea e as luzes colocadas em pontos estratégicos, faziam com que não fosse possível desviar os olhos do palco. “Karma Police” fez com que todos se perderam juntos cantando o “I lost my self” em um tom de voz tão suave e leve que dava prazer de ouvir, foi meio hipnótico e absurdamente lindo.

Rolaram sons de todos os álbuns em um set list muito bem organizado, cada música era uma surpresa que mantinha todos num estado eufórico quase 100% do tempo. O guitarrista Johnny Greenwood usou também uma vinheta de rádio em “The National Anthem” que apesar de ter deixado muitos em dúvida achando que fosse uma falha de transmissão, fazia parte dos efeitos do show.

A interação dos caras no palco era completamente harmoniosa e Johnny tocando “Pyramid Song” usando um arco de violino foi outro ponto alto da noite. “Paranoid Android” foi fantástica e o fato de ninguém estar esperando “Fake Plastic Trees” só fez sua introdução ecoar ainda mais alto.

No segundo bis, o pessoal já suspeitava de “House of Cards” e em “You and Whose Army” Thom sentou ao piano com a câmera virada para seu olho, como se tentasse espiar cada reação da platéia.

O “adivinha que som é esse?” do vocalista já anunciava os últimos acordes do festival. E “Creep” (o terceiro Bis!) foi ovacionada em uníssono de um jeito tão verdadeiro que não existem palavras que possam explicar. Enquanto Yorke cantava “I’m a weirdo”, uns caras do meu lado gritavam “eu também” e cada em seu momento pessoal acabou transformando suas emoções em uma energia positiva que se espalhou por todo o lugar. Simplesmente fantástico.

Teve gente que ainda se arriscou a gritar “High and Dry”. Mas, depois de quase duras horas e meia de show não tinha quem mais conseguisse ficar de pé, a sensação era de que tinham puxado de repente a tomada do universo paralelo e era hora de voltar a realidade. Independentemente de quem foi para curtir os sons mais famosos ou não, se era a música do Carlinhos ou não, os caras mostraram que não são banda de um sucesso só e que deixaram um público de 30 mil pessoas ainda mais fã por aqui. Espero que este show seja o primeiro de vários.

SET LIST:
15 Step (In Rainbows)
There There (Hail To The Thief)
The National Anthem (Kid A)
All I Need (In Rainbows)
Pyramid Song (Amnesiac)
Karma Police (Ok Computer)
Nude (In Rainbows)
Weird Fishes/Arpeggi (In Rainbows)
The Gloaming (Hail To The Thief)
Talk Show Host (B-side - Trilha Sonora do filme Romeu e Julieta)
Optimistic (Kid A)
Faust Arp (In Rainbows)
Jigsaw Falling Into Place (In Rainbows)
Idioteque (Kid A)
Climbing Up The Walls (Ok Computer)
Exit Music (For A Film) (Ok Computer)
Bodysnatchers (In Rainbows)

BIS 1
Videotape (In Rainbows)
Paranoid Android (Ok Computer)
Fake Plastic Trees (The Bends)
Lucky (Ok Computer)
Reckoner (In Rainbows)

BIS 2
House of Cards (In Rainbows)
You and Whose Army (Amnesiac)
True Love Waits (I Might Be Wrong)/Everything In Its Right Place (KidA)

BIS 3
Creep (Pablo Honey)

Mais do mesmo:
Com um show tão bom (o melhor dos últimos tempos), muita gente falou coisas extraordinárias sobre suas próprias viagens. Dá uma olhada aqui (onde esta resenha está publicada), aqui (sempre tem algo chato pra tentar estragar a festa) ou aqui (alguns bons motivos para você se arrepender de ter perdido). ;)

Fotos by:
Marcos Hermes

Creep (pois é, mooorra de inveja!)

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Cachorro Grande e Autoramas no Sesc Pompéia

Na última sexta-feira (23), como boa brasileira meu happy hour foi na Chopperia do SESC Pompéia. Fazia muito tempo que queria ver Cachorro Grande e entre uma breja e outra estava me preparando para conhecer "os Stones brasileiros". Depois de um tempinho procurando ingressos perdidos com um cambista (sim, cambista no SESC!) sem sucesso para o namorado da fotógrafa, resolvemos entrar para assistir a primeira banda.

Os Autoramas chegaram pontualmente e esquentaram o público com seus maiores sucessos, “Mundo Moderno”, “Carinha Triste”, “300 km/h” e “Fale mal de mim”. O suficiente para segurar a ansiedade da galera, que esperava pelo primeiro show da Cachorro em 2009 na terra da garoa. A equipe de produção cuidou para que a espera não se prolongasse e a troca de palco foi rápida. Os primeiros acordes foram de Roda Gigante e eu já comecei a pirar junto no "Com você eu consigo enxergar muito mais longeeeee".

Já fui com meu setlist favorito pronto, mas como o show aconteceu em dois dias já imaginava que o melhor provavelmente ficaria para o sábado. A apresentação reviveu sons dos primeiros álbuns e músicas que não são tocadas frequentemente, também rolaram hits como Lunático e Bom Brasileiro. O baixista Rodolfo Krieger tomou conta do microfone em Deixa Fudê e enquanto isso eu gritava com um maluco solidário para eles tocarem Sexperienced, que também não rolou. Além de Conflitos Existenciais, vieram Agora Eu Tô Bem Louco, Debaixo Do Meu Chapéu e Cleptomaníaca de Corações. A galera gritou Sinceramente, Dia Perfeito, mas nada...O show de uma hora acabou não dando conta do público faminto e me deixou com uma sensação enorme de assunto inacabado.

Como tive que cobrir alguns eventos na Campus Party no sábado, acabei perdendo os momentos únicos vividos por alguns amigos, que me fizeram inveja dizendo que além das minhas músicas favoritas o show ainda deu direito a uma participação dos Autoramas.

Mas, enfim. Agora fico eu esperando a volta dos gaúchos para São Paulo, para ver um show completo e fazer a entrevista que também ficou faltando.

Post ao som de:
Tentando me consolar ouvindo Sinceramente.

Fotos by:
Tariana Mara